Pépp & Órson
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Pépp Assis & Órson Luis
Vocês são de São Paulo mesmo?
Pépp: Eu sou de Juiz de Fora, MG.
Órson: Eu sou de Divinópolis, MG
Qual é a sua formação original?
Pépp: Eu trabalhava como Engenheiro na Eletropaulo.
Orson: Eu trabalhei como técnico em edificações de estradas.
Como e quando vocês começaram a lidar com miniaturas?
Sempre gostamos de artesanato. O Órson desde pequeno gostava de fazer maquetes, até caixas de sapato serviam como matéria-prima! Em uma determinada época, começamos a lidar com antiguidades. Viajávamos pelo Brasil comprando e depois vendíamos em feiras em São Paulo. Uma vez descobrimos uns moveizinhos em miniatura, mas não na escala 1:12, maior. Nem conhecíamos essa escala. Algumas cadeiras até estavam meio quebradas. O Órson arrumou e fez muito sucesso. Ninguém tinha muita noção do que são miniaturas. Isso tem uns 20 anos, ninguém conhecia isso por aqui.
E foi aí que tudo começou?
Ainda demorou um pouquinho. Nessa altura a gente já tinha montado um antiquário, em Moema. Mas foi na época do Plano Collor e ficou muito difícil manter a loja. Aí convenci o Órson a medir os móveis que tínhamos e fazer miniaturas deles. Como réplicas dos nossos móveis. E pelo preço de uma cadeira grande, que demorava a vender, vendíamos 10 das pequenas.
E como foi a aceitação?
A procura foi grande. Quem já tinha visto miniaturas na Europa e colecionava, vinha nos procurar para comprar. E a partir dai foi rápido. Nossa primeira exposição foi depois de seis meses, para qual fizemos a maioria das roomboxes que hoje estão expostas no Atelier. Isso foi em setembro de 1991, no saguão da Eletropaulo. Depois foi uma exposição enorme no Shopping Paulista, em 1993. No ultimo dia, formou-se fila nos corredores do Shopping, para entrar na exposição. Um grande sucesso!
E como é a divisão do trabalho entre vocês?
Pépp: eu fico com o projeto e faço os detalhes, a decoração. Eu gosto mesmo é de criar, fazer coisas novas, diferentes. Não consigo produzir em série.
Órson: eu faço os móveis. Adoro trabalhar com a madeira. E faço logo umas 12 peças de uma vez.
Com que madeira você normalmente trabalha, Órson? E que ferramentas?
A primeira cadeira foi em madeira balsa. É bem trabalhosa para dar acabamento. Mas eu trabalho mais é com cedrinho. Atualmente tenho tentado um pouco com MDF. Minhas ferramentas são todas manuais, arco de serra, etc. Para tornear, uso uma furadeira.
Pépp, suas roomboxes são diferentes das que se vê por aí, quase todas as paredes são de vidro.
Quando a gente começou, as roomboxes eram muito fechadas, escuras, difícil de ver dentro. A gente que criou esse tipo de roombox aberta, com todas as paredes de vidro. Só um painel atrás para dar um detalhe, cortina, quadros, etc. Eu também criei os primeiros quadros com miniaturas. Depois começaram a imitar com materiais mais baratos, acabamentos inferiores e então esgotou o mercado e eu parei.
Suas miniaturas são tão perfeitas! Vocês não pensam em exportar?
Já vendemos para a Espanha (o shopping em um móvel) e outras encomendas para outros países. Mas é complicado. Principalmente a remessa. São boxes delicadas, e no envio as pecinhas costumam descolar e podem até quebrar. E eles querem garantia de que nada será quebrado, já os correios nem deixam escrever “Frágil” na caixa... Além disso a burocracia é enorme.
E dá para viver de miniaturas no Brasil?
Não, não dá. As roomboxes ocupam muito espaço e as pessoas nem sabem onde por. Além disso são caras para o padrão brasileiro. Já os quadros têm maior aceitação, pois são fáceis de encaixar na decoração e têm um preço mais acessível. Agora pecinhas individuais só quem coleciona para montar ambiente, e esse tipo de hobby ainda não faz parte da nossa cultura. E o preço que o mercado paga não compensa o tempo que se gasta fazendo cada peça.
O que falta para a miniatura deslanchar no Brasil?
Agora está melhorando muito, as pessoas estão descobrindo as miniaturas. Os impostos atrapalham muito, é difícil manter uma loja. Além disso, os chineses entraram com força nesse mercado, vendendo itens muito baratos, é difícil concorrer com eles, mesmo tendo mais qualidade. Mas acima de tudo falta coerência na produção, conhecimento histórico e sobre miniaturas, ter um padrão de escala - qualquer uma! - um estudo de design. Enfim, organizar.
Quais são seus próximos projetos?
Pépp: Quero criar quadros novos. Gostaria de fazer mais roomboxes, mas teria que ter mais tempo.
Orson: além de continuar fazendo as miniaturas, penso em dar aulas de miniaturas. Mas temos que organizar um espaço bom para isso antes.