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Entrevistas > Nacionais
Minifiore - Anna Helena e Regina Fiore
Qual a formação original de vocês?
Regina: Eu sou Perita da Polícia Técnica, aposentada.
Anna Helena: Me aposentei como Assistente Social, diretora do Iprem (Instituto de Previdência Municipal).

Como vocês entraram para o mundo das miniaturas?
A gente sempre brincou, desde meninas. Quando a gente se aposentou, a gente resolveu continuar brincando!...
Anna Helena: Quando eu me aposentei, fiquei procurando alguma coisa para fazer, quem é ativa não gosta de ficar sem fazer nada. Eu fui lá para a 25 de março descobri alguns cursinhos de biscuit e fui fazer. Mas eu tinha uma tendência a fazer tudo menorzinho... Aí eu vi numa revista algumas coisas da Chu. Ela é uma miniaturista fantástica. Na escala 1:144, é uma das precursoras. Fui ver quem era, tive algumas aulas com ela - incríveis! Lá também conheci a Vivian Bick a Cristina, que faz fontes. Me interessei pelas miniaturas, pesquisei na internet, e me inscrevi no grupo italiano "Mini Italy", por causa da minha ascendência. E lá a Roselly, do MiniClube descobriu essa brasileira "perdida" por lá e me chamou para participar aqui também. E aqui conheci o Pépp, o Humberto, toda a "turminha". Também aprendi muito fazendo aulas com a Ivani Grande.
Regina: Eu entrei nessa estória porque a Anna queria expor suas flores na Argentina com as amigas, bem antes de começar na miniatura. A Argentina é forte em flores em biscuit, que lá chamam de "porcelana fria". Nesse meio tempo, ela já conhecia a Chu e me levou para as aulas, pois sabia que eu gostava de ver coisas pequenininhas. Até então eu não fazia, só gostava de ver, não tinha paciência para fazer nada! Sempre fui muito estabanada. Gostei da Chu e comecei a fazer aulas. Nas aulas, fizemos uma casinha e uma floricultura em miniatura mesmo. A Anna Helena fez todas as flores em biscuit e eu fiz a floricultura em madeira. Fomos para a Argentina, e acabamos ganhando um prêmio! Voltamos mais entusiasmadas ainda. A Chu me "desafiou". Eu era muito aflita para ver as coisas prontas. Ela fez uma cadeirinha e me disse que "um dia" eu ia fazer uma igual. Aí não me conformei e quis fazer a cadeira logo. À noite ela estava pronta. Meu pai, que era um artista renomado, ficou impressionado. Ele sabia fazer tudo em matéria de arte, era pintor, escultor, etc. De ver ele fazendo acabei aprendendo muito. Acabei ajudando a Anna Helena a montar os ambientes dela.

Anna, você começou nas miniaturas com biscuit, qual é a sua técnica favorita agora?
Eu gosto de fazer plantas com papel japonês.

Vocês vão muito às feiras nos EUA. Como isso começou?
Numa viagem, fomos a uma dessas feiras. Ficamos alucinadas! Na feira seguinte que fomos, fizemos um ambiente para Halloween (festa das bruxas). Esse ambiente inclusive foi feito sob orientação da Chu. Mas a gente gosta de colocar humor nos nossos trabalhos. Por exemplo, colocamos um estacionamento para vassouras, coisas assim. Os americanos adoraram e tiramos o primeiro lugar no geral, e também o segundo lugar, em criatividade. Aí pegamos o gosto pela "coisa". Como temos a facilidade de ter uma tia que mora lá, aproveitamos e vamos às feiras.
A partir daí começamos a fazer amizades por lá. Conhecemos o Tom Bishop, que organiza a maior feira lá. Só que é muito cara para o nosso bolso. Mas vendemos para os expositores de lá. Entramos para os grupos virtuais de lá. Conhecemos a Alice Zinn, que sempre descreve as feiras nos grupos. Essas amizades, esses intercâmbios, isso é muito gostoso! Já recebemos a visita da Shirley Tague, que ficou hospedada aqui e até deu aulas pro pessoal do MiniClube, sem cobrar nada!
Mais tarde, conhecemos lá nas feiras o pessoal da Itália. Eles nos convidaram para ir às feiras de lá e nos receberam muito bem. Só que fomos para vender mesmo e fomos muito bem aceitas por que levamos coisas bem típicas do Brasil: araras, papagaios, as baianas... Voltamos praticamente sem nada!
E vocês que conhecem tão bem essas duas realidades tão diferentes, os miniaturistas brasileiros ficam a dever em relação ao trabalho deles lá?
Não! Pelo contrário! Exatamente pelo fato de não haver aqui indústrias voltadas para miniaturas, nós termos a necessidade de criarmos as coisas, desde ferramentas até materiais. Com isso, a criatividade dos brasileiros é excepcional!
Aliás, podemos dizer com segurança: o brasileiro é o maior inventor. Tudo que ele precisa ele descobre um meio de atingir. "A necessidade é a mãe das invenções".
É difícil, muito burocrático conseguir vender lá (em termos de alfândega, visto)?
Como são coisas pequenas, nunca tivemos nenhum problema. Mas tem uma coisa: nos Estados Unidos temos visto de negócios (business), e para a Europa temos cidadania.

E vocês vendem "à distância" ou só quando vão lá?
Têm colegas nossos que vendem, mas nós não. Preferimos levar quando vamos, é até uma forma de diminuir o custo da viagem com as vendas, além de ser um grande divertimento!
Conhecemos pessoas, outros tipos de miniatura.

Por que aqui no Brasil o hábito de colecionar ou fazer miniaturas ainda não "pegou" como lá fora?
É que nós, brasileiros, temos muita diversão! (risos) Temos calor humano. Coisa que o europeu e o americano não têm. Eles se fecham, se enclausuram, cada um na sua casa. Aqui se você fala "Aparece na minha casa" e mesmo se você nem deu o endereço, a pessoa te descobre e vai sim! Vai um, leva outro, leva um bolo, e a festa tá pronta! Lá fora não é assim não, precisa marcar hora, confirmar... Então as miniaturas e as feiras são uma maneira de extravasar essa necessidade de contato, de troca.
Além disso tem uma questão de cultura do povo, de tradição.

As miniaturas dollhouse ainda vão deslanchar aqui ou vão continuar sempre no mesmo patamar?
As pessoas gostam, mas não estão acostumados. Estamos expondo lá na Casa da Fazenda e tem gente que gosta. Mas já vieram perguntar para a gente: "É tão bonito! Mas o que a gente faz com isso?..." A gente explica que pode servir de enfeite, como um quadro, uma escultura, mas isso demonstra que é desconhecimento mesmo.
E quais são seus planos para o futuro?
Regina: Eu tenho um desejo muito grande de conhecer a feira de Tókio, no Japão.
Anna: Eu quero ir à feira de Birmingham, na Inglaterra. Segundo a Angie Scarr - uma miniaturista adorável - é a melhor feira da Europa

Criado por: Evelyne Martin
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